De acordo com um estudo da Cyber Civil Rights Initiative (PDF), nos Estados Unidos, em 2017, 1 em cada 8 usuários de mídia social já teve fotos íntimas expostas por outras pessoas, sendo as mulheres 1,7 vezes mais propensas a serem vítimas dessa prática. No Brasil, entre janeiro de 2019 e julho de 2022, foram registrados 5.271 processos judiciais relacionados a divulgação de imagens íntimas sem consentimento.
Diante deste cenário, é importante adotar medidas para manter a sua segurança e tranquilidade no ambiente digital. Neste artigo, apresentaremos uma série de dicas para ajudar você a proteger sua privacidade.
Vazamento de imagens íntimas é crime
Também conhecido como sexting, o compartilhamento voluntário de imagens, vídeos e/ou textos sexualmente e/ou sugestivos, por meio de telefones celulares, e-mails, webcams, mensagens instantâneas e outros dispositivos é uma prática comum, sobretudo, em aplicativos de encontros e relacionamentos, ou entre casais.
Contudo, quando esse conteúdo é compartilhado com outras pessoas sem autorização de um dos envolvidos, considera-se crime. Pelo Código Penal Brasileiro, compartilhar imagens íntimas sem autorização se enquadra na Lei 13.718/2018, conhecida como Lei de Importunação Sexual, com pena que pode chegar a 5 anos de reclusão.
Ademais, essas imagens também podem ser obtidas, por meios ilegais, após falhas de segurança dos dispositivos, por exemplo. No geral, o vazamento de imagens íntimas pode se dar das seguintes formas:
- Upload de imagens para a internet em sites, redes sociais, blogs, fóruns e canais similares;
- Compartilhamento de imagens por mensagem de WhatsApp, SMS ou e-mail;
- Compartilhamento de imagens íntimas por meios não digitais.
Qualquer pessoa pode ter conteúdos íntimos expostos, sendo que, na maioria dos casos dos casos, quem o pratica é um ex-parceiro ou alguém que a vítima conhece.
Dicas de segurança para proteger sua intimidade
A seguir estão algumas medidas que podem ser tomadas para diminuir o risco de ter conteúdos íntimos expostos. Descubra as dicas práticas que selecionamos.
Não deixe que outras pessoas te filmem ou fotografem sem consentimento
Se alguém tirar uma foto ou vídeo seus, sejam eles com conteúdo íntimo ou não, sem o seu consentimento, peça-lhe para excluí-los e, sempre que puder, certifique-se de que essa pessoa realmente o fez. Nem mesmo seu parceiro ou pessoas próximas, como amigos, podem fazer isso sem a sua autorização explícita.
Atente-se sua identidade em fotos íntimas
Evitar mostrar o rosto em conteúdos íntimos pode reduzir o risco de ser reconhecido em caso de vazamento. Além disso, você pode utilizar os recursos de edição de imagens presentes em muitos smartphones para ocultar características físicas facilmente identificáveis, como tatuagens.
Neste sentido, muitos aparelhos oferecem a opção de editar fotos diretamente na galeria, dispensando a necessidade de baixar um aplicativo específico. Ao acessar a foto desejada, selecione a opção “Editar” para fazer ajustes como recortar ou desfocar partes da imagem.
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Prefira uma captura de tela em vez do conteúdo original
Caso compartilhe imagens íntimas com alguém, uma dica valiosa é tirar uma captura de tela da foto, em vez de compartilhá-la diretamente. Com isso, algumas informações pessoais, como localização, tipo do celular, data e horário não são expostas.
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Não compartilhe suas senhas
Evite sempre revelar suas senhas de aplicativos ou mesmo a senha do seu smartphone, seja por descuido ou por confiança excessiva em alguém. Elas são a chave de acesso para a sua privacidade digital, portanto, mantenha-as em sigilo e altere-as regularmente.
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Armazene suas fotos em apps protegidos por senha
Existem diversos aplicativos para armazenamento de imagens, como o Keepsafe (disponível para iOS e Android) e AppLock (Android) que possuem senhas e outros itens de segurança para impedir que suas fotos e vídeos sejam acessados sem autorização.
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Utilize apenas apps de mensagens criptografados
Aplicativos que ofereçam segurança com criptografia de ponta a ponta e outros recursos de segurança ajudam a evitar o vazamento conteúdos, dados e informações pessoais. Neste sentido, apps como o WhatsApp, iMessage, Viber, Threema, Google Message e Telegram podem ser alternativas, mesmo não sendo 100% seguros.
Para saber se o app é seguro, se informe se ele usa criptografia de ponta a ponta (a empresa proprietária é obrigada a informar), pesquise sobre a reputação do desenvolvedor e pesquise avaliações de outros usuários. Essas informações você consegue acessar na própria loja de aplicativos do celular.
Outra dica é sempre baixá-los nas lojas de aplicativos oficiais do seu dispositivo como Play Store e App Store.
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Atente-se às configurações de privacidade das redes sociais
Verifique as opções de privacidade nas configurações de redes sociais, como Instagram, Facebook, Twitter, Snapchat, TikTok e aplicativos de encontros e relacionamento, como Tinder, Inner Circle, Bumble ou Grindr. Isso é fundamental para garantir que apenas pessoas de confiança tenham acesso às suas imagens.
Para acessá-las, o caminho é parecido em todos os aplicativos: clique em ‘Configurações’ e, em seguida, selecione a opção “Privacidade e Segurança”. Você pode optar por compartilhar a sua localização, tornar o seu perfil, posts e fotos públicos, disponibilizar o seu nome, e-mail e telefone para visualização, além de escolher quem pode ver os seus stories e outras funcionalidades. Por fim, alguns aplicativos também possuem mecanismos que impedem que sejam feitas capturas de tela, algo muito útil para proteger sua privacidade.
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Evite armazenar fotos e vídeos íntimos na nuvem
Embora práticos, os serviços de armazenamento na nuvem, como Google Drive, Dropbox iCloud, também podem representar um risco para sua intimidade, pois são vulneráveis a falhas ou invasões nos servidores, malwares e erros humanos. Opte, então, por manter suas fotos em dispositivos físicos, sobre os quais você tem maior controle.
Por fim, aqui estão algumas dicas adicionais para evitar o vazamento de imagens íntimas:
- Pense duas vezes antes de enviar imagens íntimas, evitando agir por impulso;
- Se estiver em dúvida se deve enviar conteúdo íntimo ou não, não envie;
- Evite compartilhar conteúdos pessoais com pessoas desconhecidas, sobretudo nas redes sociais;
- Desative o backup automático dos seus dados. Isso impede que cópias de quaisquer imagens sejam feita sem que você perceba;
- Tenha sempre senhas seguras, de preferência com letras, caracteres especiais e números.
O que fazer em caso de vazamento
Se você suspeitar que está sendo vítima deste crime, é essencial denunciar o ocorrido. Para isso, você tem algumas opções disponíveis:
- Dirija-se à delegacia mais próxima para fazer um boletim de ocorrência. Se preferir, poderá fazer a denúncia online nos sites das Secretarias de Segurança Pública dos estados.
- Outra opção é utilizar o número 180 da Central de Atendimento à Mulher para fazer a denúncia. Se a situação for de emergência, você pode acionar a Polícia Militar através do número 190 ou dirigir-se a uma Delegacia da Mulher pessoalmente.
No momento da denúncia, é importante reunir todas as evidências possíveis, como links e capturas de tela, que mostrem onde, quando e por quem o material foi compartilhado. No entanto, caso não possua tais provas, seu testemunho já será suficiente para que as autoridades responsáveis iniciem a apuração.
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